quarta-feira, 6 de julho de 2011

Lágrimas e dores


Esta semana tudo está mais gélido, sombrio e sem vida. Um tempo nublado, tudo mal acabado, cheio de espinhos, poeira ou neblina. Os sublimes raios de sol que habitaram aqueles dias eram suficientes para eternizar a criação de um destino potencialmente convidativo. Na sombra pavorosa, as lágrimas brotam no desespero, na angústia, na decepção; é a dor.
Não adiantando desviar-se, as gotas se aglomeram e incham o solo que fica saturado de repugnantes e torturantes lembranças que não são evaporadas, mas sim copiadas através do choro. Este, bem minguado é acolhido dentre os membros que tentam abafar o som.
A cada manhã me encontro farpado na cama. Há uma nova caminhada pelos montes secos de discórdia, não mais regados pelas fabulosas mãos de quem verdadeiramente navegava dentre os sons impavidamente divinos, graduados de bons sentimentos. No caminho de linhas tortas é difícil equilibrar-se diante da instabilidade do meu ser com o mundo em que me prendem. Disparos e armadilhas são constantes. As ciladas são comuns.Cada meu passo gira em torno de uma nova escolha que pode mudar tudo ao meu entorno.
Nesta última noite fui trancafiado, pego pelas garras da terrível incompreensão. Ela me despiu, me tocou carinhosamente e de repente foi penetrando suas unhas em minha carne como canivete afiado, cuspiu em mim, pisou na minha cabeça e finalizou a execução com uma flechada certeira nos olhos. Uma flecha embebida da mais pura ilusão a fim de me enganar ainda mais e manipular meu modo de agir. Sua meta é ver-me fora deste mundo, mas como eu ainda pertenço a este e tenho muito a conhecê-lo, saro minhas feridas com minhas lágrimas do refúgio, através da esperança que existe escondida em mim.

sábado, 2 de julho de 2011

Vida: confusas batidas e embates



Para boa parte dos seres, vida, é apenas o tempo em que estamos presentes neste lugar, chamado Universo. Para outros é o intervalo do nascimento á morte. Outros, ainda, acreditam que é o quanto de consciência ainda possuímos a fim de aplicar nossas ações de viver.
Estamos sujeito a variações ou invariações. O tempo corre rápido e ele nos chama a lhe acompanhar. Hoje acordei pensando na minha sexta-feira que não foi tão intrusiva comigo. Mas é parte de pequenos acontecimentos que faz meu dia, que mudam minha vontade e humor. Assim a vida pode ser composta, um pouco de cada coisa, mesmo ínfima, se aglomeram para dar-nos as sensações e visibilidades do que vivemos.
Na vida existem etapas, momentos e fases. Cada definição é distinta dentre as demais. Os momentos são candidatos consequentes das etapas, que por sua vez compõem uma fase. Cada degrau é importante viver. A tentativa de avançar imprudentemente pode ser fatal, talvez não agora, mas em breve.
Sinto-me tão confuso, dotado de enigmas e mistérios, balançado e estraçalhado pelas elementais fatalidades e dramáticas espelhações das difusões e ramos dos momentos cruéis. Mas se comparo á outras etapas desta fase terrível, vejo que gradativamente sou aliviado das moléstias globulosas que me consomem.
Se há um vão dentre elas em que caio num paraíso, há também outros que caio num infernal pesadelo. Desta vez escapo. Com minha agilidade, já não mais desconheço essas armadilhas, sobrevivo.
Da rocha extraí um componente poderoso. Destemido do mundo. Nunca vi tão síncrono á mim. Possui minerais que me surpreende cada vez mais. Este de raríssima decorrência, de extinção de minha abrangência, é capaz de trocar energias e entalpias com minha carne e alma de modo que me equilibro á ele. Ás vezes me controla, ou descontrola. Suas propriedades são de altíssimas interações com as da minha frota. É incrivelmente surpreendente que a cada descoberta dos seus detalhes ínfimos me completo mais, me integro ainda mais.
 Por fim, me resta aderir á um escrupuloso objetivo, de aprender a utilizá-lo e encaixá-lo em minha densa vontade, para que ative uma verdadeira explosão de partículas fielmente originadas de uma pura força, até então desconhecida.
Nesta colisão de partículas me defronto com um questionamento cruel: até onde posso chegar, até onde devo ir, para concretizar está magnífica movimentação de grandiosas ações intencionalmente benéficas capazes de mudar uma vida por completa?
Na sombra do meu copiar, de um sábado de sol, no silêncio do campo, me vejo sem resposta, mas com uma profunda vontade de buscá-la no mais longe, fundo, escuro e secreto esconderijo que pode se encontrar. Assim me revelo fronte minha incapacidade de designar uma nova projeção de meus pensamentos, ideias e tomas, pois me torno mais forte.